03/02/2016

Lancheira saudável

Iogurtes com bolinhas azuis, bolinhos com coberturas cor-de-rosa, bolachas recheadas, salgadinhos, sucos artificiais, entre outros alimentos ultraprocessados com alta concentração de gordura, sódio, açúcares, corantes e conservantes, têm ocupado cada vez mais espaço nas lancheiras das crianças brasileiras. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 32,3% das crianças com menos de dois anos tomam refrigerante ou suco artificial e 60,8% comem biscoitos, bolachas ou bolo.

O resultado da má alimentação desde a infância, combinada com a falta de exercícios físicos e a predisposição genética, tem levado os brasileiros ao sobrepeso. Ainda de acordo com a pesquisa, 56,9% dos brasileiros com mais de 18 anos estão com excesso de peso e 20,8% são classificados como obesos − cabe lembrar que a obesidade é um fator de risco importante para doenças como hipertensão, diabetes e câncer.

O Colégio Pentágono acredita que crianças saudáveis se tornam adultos saudáveis. Por isso, incentiva os pais a prestarem atenção nas lancheiras de seus filhos, para que sejam compostas de alimentos saudáveis. De acordo com a equipe de nutrição do Colégio Pentágono, um bom lanche deve conter alimentos energéticos (pães e cereais, de preferência integrais), construtores (iogurtes naturais, queijos não gordurosos), reguladores (frutas e hortaliças) e hidratantes (água e sucos naturais). Frutas desidratadas, mix de castanhas e cereais sem açúcar também são boas opções.

Na hora de escolher os ingredientes para abastecer a despensa e a lancheira, vale seguir algumas dicas do premiado jornalista americano Michael Pollan: não compre nada que a sua avó não reconheceria como comida; evite alimentos que contenham ingredientes cujos nomes você não possa pronunciar; não compre nada que não possa, um dia, apodrecer; evite produtos que aleguem vantagens para a sua saúde; e dispense os corredores centrais dos supermercados, preferindo comprar nas prateleiras periféricas.

Levar as crianças à feira ou ao supermercado pode ser uma boa maneira de incentivá-las a consumir alimentos saudáveis, além de apresentar a elas frutas, legumes e verduras de cores e sabores variados. Incluir as crianças no momento de elaborar o cardápio e de preparar o lanche também pode fazer com que consumam o que levaram para a escola. Que tal aproveitar o domingo para fazer um bolo simples (de cenoura, fubá, laranja, limão, entre outros) junto com seu filho? Outra boa ideia para garantir o lanche da semana é preparar patês, que são ótimos recheios para os sanduíches. Basta colocar no processador ricota, queijo tipo cottage ou cream-cheese como base, com salsinha, atum ou cenoura, por exemplo.

Lembrando que o exemplo vem de casa, não adianta esperar que a criança coma um lanche saudável, composto de frutas frescas ou secas, iogurtes naturais, pães integrais com queijo branco e sucos naturais sem adição de açúcar se em casa a alimentação for baseada em produtos ultraprocessados. Cuidar da educação alimentar de uma criança dando um bom exemplo é garantir que ela se torne um adulto saudável.

Julia Contier Fares
Orientadora Educacional da Educação Infantil da unidade Perdizes do Colégio Pentágono