Home / Blog / Infoeducação como mediação cultural na biblioteca escolar
06/04/2016

Infoeducação como mediação cultural na biblioteca escolar

Mais do que ter um acervo literário, as bibliotecas do Colégio Pentágono abrem as suas portas todos os dias, oferecendo um ambiente confortável, que convida as crianças a descobrir o prazer da leitura, de diferentes gêneros, mediadas por outras linguagens como a do teatro e da cinematografia. A nossa biblioteca se destaca desde 2007, dentro de um projeto de Infoeducação, organizada de forma a oferecer aos alunos maior acesso à informação e de uma forma cada vez mais autônoma, de acordo com as ideias do Professor Edmir Perrotti, do Departamento de Biblioteconomia da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, o espaço é conhecido como “Estação do Conhecimento”, orientado por dispositivos informacionais que objetivam a formação de um aluno leitor e crítico, capaz de pesquisar, interpretar e formular novas informações, em um conceito de biblioteca interativa. Para dinamizar este processo, permitindo que a criança se mova de forma autônoma, os livros ficam guardados nas estantes virados para a frente, possibilitando o convite e a escolha da leitura por meio da imagem das capas, em nichos ou estantes baixas, para que as próprias crianças possam acessá-los. As cadeiras e mesas coloridas, na altura das crianças, e os pufes espalhados pelo espaço, tornam o ambiente acolhedor e convidativo à leitura.

Os responsáveis pelas Estações do Conhecimento são os bibliotecários, como apoio técnico-especializado, e os infoeducadores, especialistas em processo de mediação cultural da informação. Ao longo de mais de dez anos de experiências, já acumulamos um repertório consistente e diversificado de atividades infoeducativas realizadas em rede, semanalmente, para cada turma, e que estão em constante reelaboração de acordo com as demandas do público infanto-juvenil.

Os planejamentos das ações dentro das aulas de Infoeducação estão de acordo com os valores do Pentágono, tais como: lançamento dos livros paradidáticos; elaboração, planejamento e execução de aulas e atividades de leitura para todas as turmas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I; auxílio aos alunos em atividades de pesquisa, com diversos tipos de materiais e linguagens; e a realização de saraus e rodas de discussão sobre os livros de leitura adotados nas disciplinas de Língua Portuguesa e Formação Social. Reunidos em grupos, as crianças mostram os diversos interesses sobre os personagens, sobre um autor ou tema, mergulhando em uma viagem de conhecimento e de imaginação.

Realizamos momentos lúdicos, como jogos teatrais, contação de histórias e relatos de experiências de vida; apresentação de filmes, curtas e documentários, que fundamentam e enriquecem as atividades desenvolvidas em todas as disciplinas; encontro com autores literários e ilustradores de livros infanto-juvenis; produção de atividades diversas, em semanas temáticas, com assuntos transversais; e criação de games e gincanas em grupos, por meio de vários suportes, entre estes, os aplicativos para dispositivos móveis, que possibilitam também a imersão na leitura dos hipertextos.

Segundo Edmir Perrotti, contar histórias é uma arte, é fantástico e tem de ser cultivado desde muito cedo. Além de ser um momento encantador, que conduz muitas das atividades desenvolvidas, no Colégio Pentágono esta atividade vai além. Enquanto as histórias são contadas, tendo o livro como suporte ou não, o infoeducador está sempre atento aos seus ouvintes, pois acreditamos que cada criança tem também a sua própria história, seu modo de interpretá-la e de produzir uma nova versão. As aulas de Infoeducação são espaços de fala das crianças, porque elas são incentivadas a serem protagonistas.

A Infoeducação é uma ponte entre o ambiente escolar e o mundo externo. Logo, as Estações do Conhecimento não funcionam simplesmente como um depósito, de onde se retiram livros que depois são devolvidos. Dentro do Colégio Pentágono, elas funcionam como redes de conhecimento, cujo objetivo é a apropriação do saber pelas crianças, afirmando-se como o coração da instituição. Diante do exposto, vemos que a prática escolar se transfere para a prática cultural, quando, por exemplo, as crianças têm o hábito de adquirir e emprestar livros, quando demonstram interesse em vivenciar equipamentos culturais como museus, cinemas e teatros, e quando, na construção do seu repertório cultural, se destacam nas produções de textos nos processos seletivos das universidades para o seu ingresso acadêmico.

Radamés Rocha
Coordenador de Infoeducação do Colégio Pentágono