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15/06/2016

O papel do professor nos dias atuais – Quem somos, mesmo?

Há um questionamento perturbador que transita pelas mentes de muitos de nós, professores, hoje em dia: qual o meu papel no cenário atual da Educação?

Pois bem, caro leitor, que tal refletirmos juntos? Entendo que, tempos atrás, quando começamos nossas carreiras, estávamos com as cabeças e os corações cheios de ideais, sonhos e objetivos. E por onde andam todos eles? Com o tempo, sabemos que muitos deles são soterrados pelo cotidiano escolar, que nem sempre anda de mãos dadas com aquilo que planejamos.

Acho que já deu para perceber, depois de todo esse tempo em sala de aula, que nosso compromisso como professor não se limita a apenas repassar conteúdos de nosso domínio e preparar os alunos para o mercado de trabalho. Muitos de nós nos tornamos fossilizados em nossas zonas de conforto e nos esquecemos de que também coeducamos, junto aos pais, para a vida.

Nossa principal missão é tornar nossos alunos melhores do que quando entraram na escola. Para isso, devemos guiá-los de forma a despertar os seus potenciais, estimular as suas curiosidades, participar de seus esforços e enaltecer as suas vitórias. Tudo isso em um ambiente de respeito, solidariedade e troca.

Muitas vezes, nos perdemos em uma realidade onde somos as estrelas e o mais esperto de todos. Essa é uma das armadilhas que caímos sem nos dar conta de que o nosso principal objetivo – ajudar cada um dos nossos alunos a descobrir e a se apropriar de seus próprios talentos – está sendo sufocado por um egoísmo momentâneo, uma necessidade mesquinha de alimentar nossos egos. Mas, quem nunca?

Para isso, vale a autorreflexão ao final de cada dia: ajudei meus alunos a construir valores próprios (ou impus os meus)? Dei auxílio quando descobriam seus dons e talentos? Encorajei os que mais tinham dificuldades? Trabalhei os erros e acertos? Olhei nos olhos deles quando os ouvia e os chamei pelos seus nomes? Ensinei a ganhar e também a perder? Quantas vezes disse “bom dia”, “obrigado”, “por favor”? Tive a sensibilidade de perceber o quanto minhas ações e palavras os afetaram ao final do dia?

Tudo parece meio óbvio, não? Mas a verdade é que isso se torna difícil com o tempo, quando o professor tem 30, 40 alunos em sala, não importando em que tipo de comunidade a escola se encontre, onde imperam excessos, vícios e falta de estrutura familiar. Sabemos que hoje a tríade escola-família-comunidade, na maioria das vezes, não pavimenta com maestria a estrada do aluno rumo à cidadania plena. E nem os professores têm o tratamento que merecem, ou que pelo menos sonhariam em ter.

Bem, temos um cenário em nosso país que está longe de ser ideal para os professores e alunos. Mas também há muito trabalho sendo feito com respeito e dedicação, em um ambiente de descobertas e estímulo ao saber. Nós, no Colégio Pentágono, conhecemos as necessidades de nossos alunos e orquestramos um trabalho em sala de aula voltado para a formação do cidadão responsável, solidário e bem-sucedido, sempre com a participação plena da família e da comunidade nesse processo.

É possível? Sim. É fácil? Sabemos que está longe de ser. Desenvolver a personalidade de um indivíduo e mostrar a ele a sua importância no todo requer muito amor pelo que se faz, e isso nos torna o melhor de nós mesmos quando o fazemos.

Caro colega professor, comemore os seus erros e acertos ao final de mais um dia de trabalho. Prepare-se e se esforce para ser melhor amanhã. Tenha orgulho do que faz! Eu tenho!

Fernando Marassi
Coordenador de Inglês do Ensino Médio do Colégio Pentágono