A observação da sala de aula no contexto da formação de professores
Por Patrícia Cândido*
Tendo como foco a formação continuada dos professores e professoras do Colégio Pentágono, algumas tendências atuais sobre esse aspecto fazem parte da pauta dos nossos encontros de estudo, destacando os elementos que permitem refletir sobre uma formação continuada de qualidade: contemplar o conhecimento pedagógico do conteúdo, os métodos ativos de aprendizagem e a participação coletiva dos professores e professoras.
Olhando especificamente para a participação coletiva, ela traz a importância do envolvimento dos professores e gestores de uma mesma instituição nas ações de formação, promovendo diálogo e cooperação, com foco em como desenvolver conhecimentos para melhoria da prática pedagógica e sobre os estudantes de cada turma.
Nesse sentido, o desenho que se fez na assessoria de matemática buscou um esforço e movimento de aprender na coletividade, enquanto se trazia ideias de inovação e variação de propostas com foco na aprendizagem dos alunos, usando para isso a observação de aula compartilhada.
Nessa prática, inicialmente realizamos o estudo e planejamento coletivo das aulas de matemática para cada um dos anos, envolvendo professores e coordenadores em torno de uma sequência de atividades, seu planejamento, execução, análise posterior e retomada do plano, com a intenção de aprimoramento da proposta inicial.
O planejamento que é realizado coletivamente sobre um determinado conteúdo do currículo é construído pela equipe de professores responsáveis a partir das demandas trazidas pelo grupo das três unidades de escolas da rede Pentágono. Nesse plano, o aluno sempre deve estar no centro da aprendizagem, com participação ativa na aula, e essa aula é pensada a partir de um problema que seja desafiador aos alunos, mas que contemple os objetivos de aprendizagem daquele ano de ensino, além de estimular a criatividade.
No momento de execução da aula, o professor ou a professora implementam o plano de aula junto a uma turma de alunos. Enquanto isso, uma parte da equipe, que pode ser representada pela coordenação pedagógica, pela assessora e por um ou mais professores do segmento, sem intervir, observa a atuação do professor, dos alunos e as relações estabelecidas entre esses, registrando elementos que possam fazer parte da etapa seguinte, com fins de aperfeiçoar a aula, como a qualidade das questões propostas, o tempo estipulado para cada momento e se os objetivos foram atingidos.
Os observadores, em alguns momentos se sentam no fundo da sala, em outros circulam para observar e ouvir as discussões nas duplas ou grupos ou mesmo observar as resoluções dos alunos e alunas.
A aula é fotografada e filmada nos momentos relevantes para discussão coletiva. Após a observação da aula, a equipe envolvida se reúne, para compartilhamento dos registros e exibição das imagens que servem na próxima etapa, como material de discussão sobre cada momento da aula, mas também para antecipar a próxima etapa, com o objetivo de recolher mais informações, visando enriquecer a discussão e aprimorar o plano de aula.
O professor ou professora, que implementou o plano de aula, é quem inicia a discussão, expondo suas sensações e sentimentos e, na sequência, é o momento de os observadores apresentarem seus registros. A partir disso, se desenha um novo plano de aula.
Essa metodologia de formação de professores e professoras atrelada ao estudo pedagógico do conteúdo e aos métodos ativos de aprendizagem, tem-se apresentado como uma forte e poderosa ferramenta para a melhoria do ensino de matemática, não só despertando o interesse, participação e curiosidade do aluno, mas também oferecendo ganhos para todos os educadores que podem, com o apoio da equipe olhar para seus alunos, entender como estão aprendendo, seus pensamentos e reações.
* Patrícia Cândido é Assessora de Matemática da Educação Infantil e do Ensino Fundamental do Colégio Pentágono
Texto originalmente publicado no Blog do Estadão: https://www.estadao.com.br/educacao/colegio-pentagono/a-observacao-da-sala-de-aula-no-contexto-da-formacao-de-professores/