Formando Leitores
“Ensinar a ler e escrever é um desafio que transcende amplamente a alfabetização em sentido estrito. O desafio que a escola enfrenta hoje é o de incorporar todos os alunos à cultura do escrito, é o de conseguir que todos seus ex-alunos cheguem a ser membros plenos da comunidade de leitores e escritores” – Délia Lerner
Imagine esta cena tão comum dentro de muitas salas de aula:
Crianças de 3 anos, muitas vezes até menores, sentadas em roda, com livros nas mãos. Muitas “discursando” sobre suas histórias e uma delas, porém, mais falante que as demais. Com o dedinho sobre o texto, lentamente “lê” para quem quiser escutar aquela história, com fluência muito maior do que muitos alunos mais velhos, entonação de voz correta e pausas impactantes, daquelas que apenas os bons leitores são capazes de fazer… Trata-se de um gênio, muitos vão pensar, uma criança especial ou dotada de capacidades espetaculares? Contrariando tais expectativas, a verdade é que, não, esta criança não sabe ler ainda, mas já “lê”.
Desde tão cedo já se percebem nos pequenos muitos comportamentos de um leitor habitual: acompanhar a leitura com os dedos, seguindo as linhas, falar com entonação, virar as páginas…
O comportamento leitor e o prazer pela leitura são aprendidos bem antes de se, efetivamente, conseguir ler, “decodificar” as palavras, frases e textos. Desde os primeiros momentos no Colégio Pentágono, nas séries iniciais da Educação Infantil, e durante toda a vida escolar até o Ensino Médio, os alunos têm contato direto e frequente com diferentes gêneros textuais, seja em momentos de leitura realizada pela professora, em momentos de leitura compartilhada com os colegas ou em momentos de leitura individual.
O ambiente leitor deve ser garantido, também, fora da escola, no ambiente familiar. Tornar-se leitor é o resultado de uma herança cultural gerada pelo contato frequente com as mais diversas operações envolvendo textos e a relação existente entre eles, entre leitor e autor, entre autores e diferentes contextos.
O grande desafio imposto à escola está, efetivamente, na construção de um ambiente no qual ler e escrever sejam práticas dinâmicas e essenciais e que permitam aos alunos, desde cedo, reorganizar seus próprios pensamentos e repensar o mundo. Só faz sentido se incorporada à vida do indivíduo como algo natural e essencial, e não como algo desconectado de sua vivência.
Paula Müller
Professora do Ensino Fundamental I do Colégio Pentágono