06/05/2016

45 anos – Regis Horta

Regis Horta

“Pentágono em cinco cenas

Ao final de 1988, fui contratado para dar aulas de Informática no Colégio Pentágono. Em meu primeiro dia de trabalho, participei de uma reunião de planejamento. Eu e mais cinco professoras aguardávamos a única pessoa que faltava para iniciarmos: a professora Marcly. Enquanto esperava, eu ficava imaginando como seria alguém com um nome tão incomum. Por que alguém pensou que seria uma boa ideia dar esse nome a uma filha?

Meu primeiro pensamento, ao ver aquela sorridente professora entrar na sala, foi “que bom se eu tivesse alguém como ela para cuidar de mim lá em casa”. Sei que soa um tanto machista, mas foi o que pensei.

E foi o que começou a acontecer, cerca de quatro anos mais tarde, quando nos casamos e fomos morar em um pequeno apartamento perto do Pentágono.

Eu já não estava mais no colégio, mas a Marcly seguia com as suas aulas de Informática e Português.

Nasceu o nosso primeiro filho, João, e depois veio o Augusto. No início, era a Bartira.

E o nosso filho João, vestido de palhaço, dando cambalhotas em um circo comemorava a sua primeira formatura. Já não estava mais na Educação Infantil.

E o nosso filho Augusto declamava a plenos pulmões “Navio Negreiros”, de Castro Alves, em um teatro na avenida Paulista. Ao sair dali, ele já não estava mais no Fundamental.

E o João saiu pela escola procurando cada um dos 30 professores e professoras que haviam dado aula para ele ao longo de 15 anos. A cada um, entregava uma caneta com os seus nomes gravados. E, dessa forma, cumpriu a sua última missão no Ensino Médio.

Em uma terça-feira, em fevereiro deste ano, Augusto voltou ao colégio para uma visita a seus ex-professores de Ensino Médio. Do corredor, por uma fresta da porta, assistia às aulas, talvez querendo ainda estar dentro da sala.

No Pentágono, conheci minha esposa, meus filhos se formaram e, de lá, trago amigos que se tornaram irmãos. O que mais um lugar poderia me dar?

Obrigado a todos o que fazem e fizeram essa escola tão especial!”

Regis Horta, ex-funcionário do Pentágono e pai de ex-alunos.