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06/06/2018

A contribuição da Festa Junina para a Cultura Brasileira

Trabalhar com a arte e a cultura brasileira na Educação torna possível a construção da identidade individual e coletiva, pautada em valores que vão muito além dos divulgados pelos meios de comunicação de massa. Comemorar as festas é oferecer, dentro destes eventos e celebrações, a oportunidade de evidenciar a riqueza da cultura popular brasileira.

O “XXX Pé de Moleque”, além de contribuir para os projetos realizados pelo Voluntariado do Colégio Pentágono, revela e resgata o patrimônio artístico e cultural popular brasileiro. Neste ano, a temática da arte popular escolhida para desenvolver as pesquisas, as discussões, as experimentações e as criações artísticas dos alunos foi marcada pelas tradições da Tecelagem, como a arte dos fios e fibras, que passa de geração para geração e se constitui em importante elemento de identidade de um povo.

Desde o início do ano, a equipe de Arte tem trabalhado com os alunos o processo de construção da ambientação da festa pelas mãos dos artistas populares, a arte das fiandeiras, tricoteiras, tecelãs, bordadeiras, rendeiras e tapeceiros, um pouco da riqueza material e imaterial do nosso Brasil, considerando os conteúdos da área em seus respectivos segmentos, desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental II.

Sentimos que as dimensões deste projeto aproximaram ainda mais a escola da família. Os alunos foram muito mais que desafiados a superar procedimentos e habilidades, como fazer nós, pontos, laços, conduzir agulhas e teares. De uma forma afetuosa, foram trazendo de casa muitas narrativas e memórias dos pais e avós, tecendo, na verdade, muitos fios de histórias.

Ao conhecer os diversos tipos de rendas e bordados pelo Brasil afora, imergimos em um passeio que trouxe à tona alguns artistas populares e contemporâneos como referências para diversas propostas. Dentre eles, destacamos: Jerônimo Miranda (AL), com seus estandartes; as irmãs Petuba (Zeneide, Zenilda e Zenaide – AL), com seus painéis de retalhos, Militão dos Santos (PE), com seus bordados; e Clarice Borian (PR), com suas folhas bordadas.

O trabalho manual e artístico é uma conversa com o tempo. Quando nos propomos a tal atividade, devemos saber que será preciso perseverar, concentrar-se e, acima de tudo, dar tempo para que o nosso corpo se aproprie dos comandos até que conquiste, como por mágica, a capacidade de reproduzir movimentos por uma memória tão profunda que, para nós, já não parece passar mais pelo passo a passo do pensamento, mas sim por um movimento que nasce do corpo.

Diferentemente de nós, as crianças têm uma percepção suspensa sobre o tempo – em que o ontem e o amanhã se fundem no agora. Vivenciar este tempo, para elas, é muito mais palpável a partir da experiência do que da teoria a qual estamos habituados. ‘Duas dormidinhas até a viagem’, tem muito mais sentido que ‘depois de amanhã, viajamos’. Da mesma maneira, vivenciar o tempo dentro do tecer ou do bordar se torna mais acessível na medida em que os pequenos vêem seu trabalho evoluindo e suas mãos se tornando cada vez mais ágeis, apropriadas do processo, que, por sua vez, parece ficar cada vez mais fácil.” – Professora Maria Jubé, sobre o trabalho manual da Educação Infantil.

“Enfim, artesãos, histórias, cultura brasileira, chegamos à nossa festa, costurada com cores e tramas, tudo produzido pelos nossos alunos com dedicação, concentração e principalmente muito Amor,” como declarado pela Professora Laima da Unidade Morumbi.

Radamés Rocha
Coordenador de Arte e Infoeducação do Colégio Pentágono