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10/08/2016

Lição de casa: aprendizagem ou castigo?

A lição de casa tem sua origem na época dos jesuítas, quando se adotava a prática do envio de  tarefas escolares para serem realizadas em casa. Essa estratégia, intitulada “repetição em casa”, designava um período de estudo com a finalidade de exercitar as inteligências das crianças, eliminando-se as dificuldades para favorecer as aprendizagens futuras.

Com o passar do tempo, novas propostas relativas à lição de casa foram surgindo, e  ela continua sendo vista pela maioria dos educadores  como parte integrante do processo de aprendizagem. Porém, é preciso repensá-la quanto ao objetivo, à quantidade, à periodicidade e  à eficácia, a fim de  garantir a aprendizagem , de levar o aluno a pensar. Enfim , para que seja uma “ lição inteligente”.

Aqui no Colégio Pentágono, a lição de casa vai muito além da repetição. De acordo com a  política do nosso sistema de ensino, nós  a consideramos  parte integrante  do processo, objetivando  ampliar  a  aprendizagem  para  além  do tempo-espaço escolar,  promovendo a rotina de estudo e a aproximação da família com o aprendizado do aluno.

É necessário situar a lição de casa de modo que ela dê ao aluno a oportunidade para a autoaprendizagem, o autoconhecimento e a reflexão, com vistas ao crescimento  pessoal.  Queremos que nossos alunos aprendam e produzam cada vez mais e melhor, e não que cumpram lições sem erros ou que tenham um caderno perfeito.

Outro ponto a se observar  sobre a lição diz respeito ao momento de reflexão individual do aluno:  segundo  Piaget, a aprendizagem não se dá de fora para dentro, mas a partir de descobertas individuais do próprio aluno, e, nesse sentido, a lição de casa é o único momento em que ele está longe da escola e se encontra com o seu saber ou não saber. É a hora de tomada de consciência das próprias dificuldades.

Algumas das  funções da lição de casa, que facilitam o aprendizado do aluno, são a preparação, o aprofundamento e o aprimoramento, por isso, não devemos encará-la como uma obrigação, um castigo, mas sim como uma parte integrante de sua aprendizagem. A partir dessas três funções, especialistas classificam a lição de casa em diferentes tipos:

– Como sistematização dos conhecimentos: analisando as respostas, certas ou erradas,  o professor verifica quais são os principais problemas individuais e coletivos da turma e pode reforçar os conteúdos em que os alunos apresentam mais dificuldades. Algumas questões são suficientes para que o professor atinja os seus objetivos.

– Como fixação do conhecimento adquirido: trata-se da lista de exercícios para fixar os conteúdos aprendidos, na  maioria das vezes, exercícios de repetição, isto é ,  o que foi ensinado em sala de aula é repetido em casa,  só que com outros enunciados. Normalmente, nesse tipo de lição de casa,  prevalece a quantidade em detrimento da qualidade.

– Como introdução de  um novo tema: é o momento de aguçar a curiosidade dos alunos, de trabalhar com os conhecimentos prévios, de levantar problemas para que eles entrem em conflito cognitivo. O professor pode pedir, por exemplo, que os alunos leiam notícias de jornais relacionadas ao assunto,  que assistam a um filme, respondam a uma questão ou observem um fenômeno. O que vale para esse tipo de lição de casa é a qualidade, e não a quantidade.

– Como aprofundamento de alguns temas: envolve trabalhos mais longos, normalmente projetos interdisciplinares, através dos quais os alunos podem aprofundar a sua aprendizagem, aplicando o que foi aprendido em um determinado tempo.

– Como estudo  para provas:  esse tipo de lição contém exercícios sobre os temas/conceitos aprendidos e inicia pelos mais simples (nível básico) , passa pelos intermediários (nível operacional), até propor os  mais complexos (nível global).

Hoje, devido à permanência dos alunos na escola por mais tempo e, também, ao acúmulo de estímulos, o  grande desafio do professor é fazer com que o aluno consiga atribuir significado às tarefas de casa. Este precisa perceber a função das lições, para poder compreender a sua importância e necessidade.

Enfim, pais professores e alunos devem encarar a lição de casa como estudo e, portanto, como instrumento de aprendizagem, não como castigo.

Silvia Tuono
Assessora Pedagógica Geral do Colégio Pentágono