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19/06/2019

Lilia Schwarcz participa de Café Literário com alunos do Colégio Pentágono

No dia 13 de junho (quinta-feira), a unidade Morumbi foi palco do primeiro Café Literário de 2019. Organizada pelo Departamento Cultural do Colégio Pentágono, a iniciativa visa a aproximar os alunos do meio acadêmico, estabelecendo um importante diálogo entre a universidade e o ambiente escolar.

O evento contou com a presença de uma convidada ilustre: a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, professora titular no Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP) e professora visitante em Princeton (Estados Unidos). A docente falou sobre a vida e a obra de Lima Barreto, autor que ela biografou no livro Lima Barreto: Triste visionário (Companhia das Letras), publicado em 2017.

A palestra foi mediada por Fernando Monteiro, coordenador do Departamento Cultural do Colégio. Os alunos participaram fazendo perguntas — tanto sobre Barreto quanto sobre a experiência de Lilia Schwarcz como pesquisadora. Um dos livros mais conhecidos do escritor, Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), foi a obra trabalhada nas aulas de Literatura da 2ª série do Ensino Médio no 1º bimestre de 2019.

Durante o encontro, Lilia Schwarcz destacou a trajetória do autor, bem como sua atualidade e ambivalência. Negro, nascido em 13 de maio de 1881, exatamente sete anos antes da abolição da escravatura, Lima Barreto era um profundo crítico da corrupção de seu tempo, contrário à discriminação racial, ao feminicídio (ao mesmo tempo que desaprovava o feminismo da época, que ele considerava que não incluía as mulheres negras) e aos militares. Além disso, o escritor incorporou os subúrbios do Rio de Janeiro à geografia de seus romances, dando relevância ao tema do racismo — do qual foi vítima. Perdeu a mãe quando ainda era criança e, depois, viu o pai ser declarado louco. O próprio Lima Barreto chegou a ser internado em um hospício por duas vezes, mas por sofrer com o alcoolismo. Além de escritor, atuou como jornalista e foi funcionário público, tendo trabalhado no Ministério da Guerra.

O subtítulo da biografia escrita por Lilia — triste visionário — carrega um importante significado, e abarca essa trajetória do autor, marcada por uma literatura que o próprio Lima Barreto definia como “militante” e por uma vida pessoal complicada, mas persistente. Sobre a escolha do primeiro adjetivo, Lilia explicou: “Triste é uma pessoa desiludida, desencantada; mas triste também é, no linguajar popular, uma pessoa que insiste”. Já a palavra “visionário”, além de apontar para a capacidade de olhar para o futuro, é também uma referência a um trecho de Triste fim de Policarpo Quaresma, em que Floriano Peixoto diz ao protagonista, com grande dose de ironia: “Quaresma, tu és um visionário”. “Para mim, isso era muito importante, porque uma pessoa visionária é uma pessoa que projeta o futuro, mas, da maneira como Floriano Peixoto definiu, visionário é uma pessoa lunática”, explicou a professora.

De acordo com o professor Fernando Monteiro, o encontro foi muito rico. “A professora Lilia Schwarcz falou muito dessa trajetória polêmica de Lima Barreto, pensando que o Brasil ainda não superou algumas de suas questões mais fundamentais e estruturais, como o seu passado escravocrata”, diz. “Lima Barreto era uma pessoa de fortes posicionamentos políticos, e ele faz dessa característica uma marca da sua literatura”, resume o docente.

Veja as fotos do evento na galeria abaixo:

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